Francisco Russo – Adoro Cinema
Hollywood já foi tema de filmes memoráveis, como Crepúsculo dos Deuses e O Jogador. O local que simboliza o sucesso e a fama nas telonas sempre despertou uma boa dose de fascínio, seja entre os que ousaram encará-lo de frente ou para os que o acompanham à distância. É de olho nesta sensação que David Cronenberg desenvolveu seu novo filme, Mapas para as Estrelas.
O próprio título já é uma dica e tanto sobre o filme: trata-se de uma referência ao local onde os astros residem em Hollywood ou, ainda, um meio de chegar até eles. O grupo de personagens apresentado por Cronenberg não é formado propriamente por astros – o mais próximo disto é um garoto de 13 anos (Evan Bird) que estrela uma série de TV de relativo sucesso -, mas principalmente por pessoas que estão dispostas a se tornar celebridades. Entre eles estão um chofer que tenta se tornar ator (Robert Pattinson), uma atriz de meia idade desesperada por um papel que lhe dê visibilidade (Julianne Moore) e uma jovem com várias queimaduras que está escrevendo um roteiro (Mia Wasikowska). A grande sacada do diretor é mostrar a luta pela ascensão deste trio com um olho na obsessão cada vez maior existente nos dias atuais em ser famoso e o outro analisando de forma sarcástica a própria Hollywood – ou ao menos uma de suas vertentes, a que está repleta de picaretagem e vulgaridade.
A representação maior deste universo é a personagem de Julianne Moore, em bela atuação. Vivendo de aparências, ela é a típica bagaceira – e nem percebe isto. É através deste olhar cínico sobre as miudezas da Hollywood que está longe dos holofotes nos astros que o filme se sustenta, muitas vezes com piadas sarcásticas e analogias facilmente associáveis a quem conhece um pouco o modus operandi do cinema americano.
O grande problema de Mapas para as Estrelas é que, em sua busca incessante em retratar esta Hollywood que não se vê, acaba se tornando um grande filme B. Afinal de contas, vários clichês típicos das histórias de segunda categoria estão presentes, todos reunidos: incesto, fantasmas, incêndio misterioso, mortes abruptas… E, ao se tornar aquilo que tanto critica, o próprio filme cai numa armadilha. Sem ter mais o que mostrar, acaba sempre se repetindo na sua proposta original. Ainda assim, trata-se de um filme bastante interessante por ressaltar este lado não tão reluzente de Hollywood, que reflete a busca pela popularidade existente não apenas no meio cinematográfico norte-americano.
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