Kristen Fala Sobre Camp X-Ray e Feminismo Para o The Daily Beast

By Kah Barros - 14:22


Durante a sua passagem por Nova YorkKristen deu uma entrevista para o The Daily Beast onde ela fala sobre seu novo filme, Camp X-Ray, e sobre mulheres na indústria do cinema. Confira:

Kristen Stewart parece uma nova mulher. Sim, é uma coisa estranha de dizer sobre uma pessoa de 24 anos, mas a Angeleno* de olhos de aço não é a típica ‘vinte e-alguma-coisa’. Aos 11 anos, ela abordou uma convulsão crucial para David Fincher em O Quarto do Pânico com tal ferocidade que ela explodiu vários vasos sanguíneos nos olhos. “Ela me lembrou de uma jovem Jodie Foster,” disse Fincher. Ela foi forjado em Hollywood, suportando uma franquia de filmes de polarização (Twilight), a controvérsia dos tablóides, e incessante escrutínio – e surgiu como a mais sábia.
*: Pessoa nascida em Los Angeles

Esses dias, ela é decididamente mais Joan Jett do que Bella Swan.
Stewart tinha acabado de acordar e me encontrou no lobby do Greenwich Hotel, um hotel no centro de Nova York, parecendo facilmente impressionante em uma blusa branca – expondo a tatuagem em seu antebraço direito do olho iluminado da Guernica de Picasso – jeans preto, e cabelo escuro e curto. Ela fez a tatuagem após terminar Clouds of Sils Maria, um filme que se passa na Suíça, do diretor francês Olivier Assayas e estrelado também por Juliette Binoche. É um dos três filmes indie que deu para Stewart elogios pesados no circuito do festival, junto com seu papel como a emocionante filha lutando para lidar com a deterioração de sua mãe com Alzheimer (Julianne Moore) em Still Alice, pelo qual ela receberá um grande empurrão para o Oscar da distribuidora Sony Pictures Classics, e por último, mas não menos importante, como a saldado Amy Cole, uma guarda em Guantanamo em Camp X-Ray, nos cinemas dia 17 de outubro.
Em Camp X-Ray, sua guarda está inicialmente feliz por servir seu país após 11/09, mas após observar o tratamento dos prisioneiros lá e começar uma amizade improvável com um dos detentos (Peyman Moaadi, A Separação), ela começa a mudar seu coração.

Após pedir café, nós discutimos seu ressurgimento.

Camp X-Ray foi filmado com orçamento apertado de 1 milhão de dólares, mas parece muito maior do que isso.

É estranho dizer que o alcance foi muito pequeno considerando o que você vê, mas se você pensar sobre isso, nós tivemos três locações e filmamos em 20 dias. A chave para o orçamento é que foi muito rápido e nós apenas aceleramos isso.


Já havia dois anos desde que você filmou seu último filme, Snow White and the Huntsman. Você estava sendo extremamente seletiva após Twilight por que você sabia que estava sob o microscópio?


Eu nunca sou tão refinada desse jeito para escolher projetos que não tem cada elemento garantido de que será uma boa experiência e/ou sucesso. Há muitos riscos envolvidos nesse trabalho, mas isso não me incomoda. Esse poderia ter sido um filme terrível! Poderia ter sido horrível. É com um diretor de primeira viagem, mas eu ainda teria ganhado o que ganhei se o filme não tivesse dado certo como deu.


Você tende a dar esses saltos. Eu me lembro de Leonardo DiCaprio dizendo uma vez que ele possui uma regra de nunca trabalhar com diretores de primeira viagem.


É inteligente. Eu tive experiências que me fizeram ficar “ugh, tenho que ser cuidadosa e ter certeza de que cada parte é resistente e não vai me decepcionar.” Se eu fosse diretora, eu seria extremamente consciente da minha filmografia. Isso diz muito sobre a diferença entre botar seu nome em algo e possuir isso, ao invés de ser uma pequena parte disso. Atores trabalham o tempo todo. Se eu fizer um filme ruim de vez em quando, eu não ligo. Eu não trabalhei depois de Snow White por dois anos, mas é porque muitos desses projetos não faziam sentido. Eu sou decidida, mas não sou uma planejadora.


Eu tenho essas conversas com meus amigos e digo “Kristen Stewart é uma boa atriz,” e eles discordam. Então, eu pergunto quais filmes seus eles viram, e eles apenas dizem: “A Saga Twilight.” Então, eles não assistiram O Quarto do Pânico, O Silêncio de Melinda, Na Natureza Selvagem, Férias Frustradas de Verão, etc. Você sente como se a saga coloriu a opinião das pessoas de forma injusta?


Honestamente, eu não ligo. Está tudo bem. Estou muito feliz fazendo o que faço. Eu tenho certeza que há muitas pessoas por fora que odiariam meus filmes, mesmo se vissem todos esses, assim como tenho certeza que há pessoas obcecadas por Twilight e diriam “eu assisti a Saga e ela me decepcionou completamente, então assisti um de seus outros filmes e eu a odeio!” E isso é legal! Apenas não assista aos meus filmes.


Com Camp X-Ray, isso é um assunto muito pesado aqui em Guantanamo. O Presidente Obama prometeu fechar o lugar em 2009, mas ainda não o fez. Foi parte da atração para o projeto iluminar essa praga bizarra sobre a América? 


Eu fui forçada a investigar. Eu sabia que Obama queria fechar e também sabia que todos os outros queriam o mesmo. Muitas pessoas que você fala na América já botaram isso em mente. Eu não fiz esse filme para fazer um grande discurso político, mas é uma história com um contexto tão interessante, e é mais do que uma batida no ombro para te lembrar que aquela coisa ainda está aqui.


A relação de sua personagem com o detento de Peyman nos lembra da humanidade dessas pessoas. Nós tendemos a ver esses suspeitos de terroristas como “outros” sem nome e sem rosto, quando eles também são humanos. 


Como americanos, nós deveríamos absolutamente ser mais do que isso. Se você rotula algo como “ruim”, as pessoas irão justificar as piores coisas. Só porque você segue um todo maior, de repente você toma um lado individual sobre isso e ninguém toma responsabilidade por nada.


O filme não mostra nenhuma das práticas mais controversas em Guantanamo – como afogamento, privação do sono, alimentação forçada, etc. 


Ele faz alusão a isso. Mas se mostrássemos essas coisas, as pessoas iriam instantaneamente demonizar o filme. Você vê algo do tipo e isso se torna tão polarizado. Sim, foi legal estar em um filme sobre Guantanamo, foi legal interpretador um soldado, e foi legal lembrar as pessoas que isso ainda existe, mas também foi legal interpretar uma simples garota americana que queria encontrar sua linha e aspirar algo maior do que ela – somente para encontrar que as coisas não são tão simples. A maioria das pessoas em cada estado pensa “bom, claro que é uma ótima coisa se aliar ao Exército,” e não há outra pergunta além dessa – nunca.


Ela realmente é movida pelo patriotismo após o 11/09 e se alista para Guantanamo, somente para encontra que não é o que ela pensava.


Ela é simples, não é muito inteligente e realmente inadequada socialmente – mas é uma boa pessoa. Então, se você pode se alistar, botar um uniforme e apagar a si mesmo, você não tem mais que considerar a você mesmo. Você pode pegar a individualidade disso e dizer, “bom, isso me dignifica. Eu sou boa por causa disso.” E quando isso não terminar sendo verdade, você pode lutar com quem você é. Tudo o que ela quer é pensar , “eles fizeram o 11/09, eles são ruins, foda-se isso, eu vou fazer meu trabalho e vou fazer bem.” Mas então ela chega lá e apenas não consegue aceitar; ela não consegue se conformar.


Certo. O erro que fazemos é não olhar para esses detentos como pessoas, também. Nós todos somos pessoas.


Isso é essencialmente muito ruim, é louco. É uma ideia ridícula você pensar que sabe tudo com certeza na vida – tirando cuidar de seus amigos. Onde você sai pensando de outra forma? Essas duas pessoas não podiam ser de mundos e perspectivas mais diferentes, e provavelmente discordam fundamentalmente na maioria das coisas, mas há uma linha através de todos nós – e é isso que as pessoas esquecem, isso que faz as pessoas fazerem coisas terríveis com as outras. O que te faz diferente das outras pessoas do mundo?


Esse é um filme muito diferente das manchetes. Quais assuntos você está apaixonada nos noticiários?


Eu não quero falar sobre isso. Confie em mim, eu estou pedindo por isso. Quando chega a hora de se levantar e fazer mudança, eu não sou o tipo de pessoa que grita aos quatro ventos. Só porque você é um ator e está nos olhos do público, as pessoas pensam que é assim que você tem que ser. Mas há outros modos de fazer isso. Essa não sou eu.


Quando você fala sobre Camp X-Ray, Still Alice, e Clouds of Sils Maria, esses são os três filmes ancorados por mulheres fortes, falhadas e complexas. Esses filmes tendem a ser uma raridade em Hollywood e geralmente vem em pacotes mais pequenos. 


Juliette e eu estávamos falando sobre isso porque essa pergunta aparece, e ela disse, “oh, eu não respondo mais essa pergunta. É tão clichê.” E eu disse “bom, é tão clichê porque é inteiramente verdade.” E ela disse “sim, talvez em Hollywood.” Porque na França, devido a história dos diretores franceses terem relações românticas com suas protagonistas, eles tendem a contar mais histórias focadas nas mulheres. Na América, há muitos mais diretores do que diretoras, e eles querem contar histórias mais masculinas. Os melhores filmes que estamos mais orgulhosos, você tem Bob De Niro, Jack Nicholson, e as bravatas são esmagadoras. E isso ainda acontece. Eu li milhares de roteiros e as pessoas dizem que eu escolho cuidadosamente, mas é tão óbvio quando o papel é diferente, complexo, e não uma garota arquetípica, porque esses são muito raros. Não querendo soar clichê, mas é um negócio dominado pelos homens.


“É um mundo dos homens,” (It’s A Man’s World) para fazer referência a James Brown.


[Risos] Sim. Mas está tudo bem porque é divertido ser o perdedor.


Só precisa de mais diretoras. 


Exato! É isso. Vou fazer isso.


Um caso seria a sua diretora de Twilight, Catherine Hardwicke. É uma cineasta muito talentosa e cinco anos após dirigir esse hit, seu último filme basicamente foi direto para DVD. Isso tem que ser algum problema da indústria, que ela foi dada um Red Riding Hood (A Garota da Capa Vermelha) antes que seu poder fosse tomado. Um diretor tem muito mais chances.


Sim, isso é verdade. Isso é uma coisa que as mulheres têm que fazer – você tem que perseverar. Isso é o que estamos fazendo. Você precisa fazer algo que seja inegavelmente bom. Se uma mulher faz um filme ruim, ou faz algo estúpido, então a porta se fecha. Isso é fodido.


Muitas jovens atrizes nos dias de hoje estão sendo contra serem chamadas de feministas. Parece que é algo da geração, onde pessoas da geração mais antiga veem isso pela sua definição – igualdade para homens e mulheres – enquanto a nova geração vê isso como um termo mais divisório. 


Eu sei o que você está falando. É uma coisa tão estranha de dizer, não é? Tipo, o que você quer dizer? Você não acredita na igualdade para homens e mulheres? Eu acho que é uma resposta a tipos excessivamente agressivos. Há muitas mulheres que se sentem perseguidas e falam sobre isso e eu fico tipo “honestamente, apenas relaxe, porque agora você está indo para a outra direção.” Algumas vezes, a voz mais alta na sala não é que você deveria ouvir. Por sua natureza, pense no que você está dizendo e diga – mas não grite na face das pessoas, porque então você está nos desacreditando.Mas a minha própria avenida, as pessoas dizem “se você quer ser alguém na indústria do cinema como mulher, você tem que ser uma vadia.” Não, você irá arruinar qualquer chance que você tem e nos dar um nome ruim. É o excesso de compensação para onde a nossa geração vai, “relaxe.” Porque tem sido mais fácil para nós e porque não temos tanta fúria, então parece que podemos ficar para trás e isso é um pouco embaraçoso. Com isso dito, é uma coisa realmente ridícula dizer que você não é feminista.

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