“Eu me tornei excessivamente, ridiculamente e estupidamente famosa quando tinha 18 anos. Aconteceu da noite pro dia e criou toda uma indústria de fofoca baseada no interesse que as crianças tinham em mim. Algumas pessoas tentavam me chatear só para ter uma história pra contar. Eu era apenas uma criança, não tinha aprendido como avaliar as intenções das pessoas que me entrevistavam. Então, eu estava sempre na defensiva e eu entendo que algumas pessoas pensaram que eu era insensível ou desagradável.” Se há alguma coisa que não falta em Kristen Stewart, é lucidez. Somente 4 anos se passaram desde o final de Crepúsculo, a saga que transformou vampiros em príncipes encantados e a atriz em um ídolo dos adolescentes, mas ela já aprendeu tudo com suas experiências passadas. Ela sabe que, pela quantidade de vezes que seu rosto esteve na capa de cada revista de fofoca, o público ainda pensa que ela é um atriz melancólica, que não sabe lidar com sua popularidade. Ela também sabe que a mídia vai continuar rotulando-a como a “estrela de Crepúsculo” quando ela abrir o Festival de Cannes no dia 11 de maio com o mais recente filme deWoody Allen, chamado Café Society. Essa é apenas a terceira vez que ela prova seu valor noFestival de Cannes, após On the Road de Walter Salles em 2012, e Sils Maria de Olivier Assayasem 2014. Ela sabe disso e não liga: o tempo fará o trabalho.
Incidentalmente, você só precisa ver o delicioso Café Society para perceber isso. Saias fofas, bochechas rosadas, uma tiara com um laço em seu cabelo curto, Kristen Stewart brilha como nunca na pele de Vonnie, uma jovem secretária sendo cortejada por dois homens em Hollywood nos anos 30. Houve uma condição para ela conseguir o papel: “Essa é a razão pela qual eu pensei que nunca conseguiria o papel!” Ela nos diz. “Vonnie é uma personagem muito suave, com muita energia. Woody me disse que só iria funcionar se eu fosse capaz de mostrar essa energia feliz. Eu precisei trabalhar muito nisso.” O resultado é ainda mais fascinante ao saber que isso nunca foi obtido. Longe do charme e entusiasmo de Emma Stone, a musa anterior do diretor, Kristen Stewart sempre parece um pouco cambaleante. Bonita de seu próprio jeito, cheia de graça da onde também podemos sentir uma melancolia, vaga e ainda assim magnética.
Nós entendemos Olivier Assayas quando ele diz que viu nela “mais do que uma atriz talentosa, alguém muito única.” A colaboração deles em Sils Maria concedeu à Kristen o César de Melhor Atriz Coadjuvante, o primeiro para uma atriz americana. O mais importante, de acordo comAssayas, isso deu a ela “uma liberdade que ela nunca sentiu em nenhum outro filme antes.” “Eu sou acostumada com os diretores sendo diretos.
Nos Estados Unidos, na maioria das vezes, te dizem o que você tem que fazer e sentir,” Kristen confirma. “Olivier não é um homem de muitas palavras. No geral, o cinema francês é mais intuitivo.” Inspirados, eles estão redescobrindo um ao outro em Personal Shopper, apresentado em Cannes nesse ano. “Há algo a dizer sobre a observação de Kristen, o que entrou na minha escrita,” o diretor francês nos conta, quem escreveu o suspense de fantasia para ela, sobre uma americana tomando conta do guarda roupa de uma celebridade em Paris e que também está de luto pela perda de seu irmão, com quem ela está tentando se comunicar. “Eu queria falar sobre essa atração que todos nós sentimos entre o materialismo do nosso mundo contemporâneo – o que é sentido cem vezes mais para uma estrela como Kristen – e a dimensão íntima específica para cada um de nós, assombrados pelos seus sonhos, suas fantasias, suas preocupações, e geralmente, de uma forma invisível,” ele explica.
Ambiguidade. Twilight significa “crepúsculo”, aquela parte do dia situada entre o dia e a noite e que descreve muito bem Kristen Stewart, nunca mais verdadeira consigo mesma do que na luz obscura. Sobre sua personagem em Café Society, a que deixa os homens loucos (sim, a atriz) diz francamente: “Eu amo que essa é uma heroína que está completamente confortável com a ideia de pegar uma estrada inconvencional. Eu acho revigorante que ela não sente nenhuma culpa. Ela escolhe um dos dois homens que querem ela, e ela poderia escolher o outro. É natural hesitar, há tantas estradas diferentes que podemos pegar na vida.” Em termos diferentes, dito de outro modo para uma revista americana que perguntou sobre sua sexualidade no ano passado: “Eu sou uma atriz, cara. Eu vivo na ambiguidade da vida!”
Hoje, a atriz está prestes a adicionar outra ambiguidade em sua vida ao ir para atrás das câmeras. Querendo dirigir, ela diz que tem implicado com ela mesma por alguns anos. É verdade que com seu passado, sendo uma garota da Califórnia, criada por sua mãe (uma roteirista) e seu pai (produtor) e que caiu no mundo da atuação aos 12 anos (em O Quarto do Pânico, ao lado de Jodie Foster), havia chances de que ela seguiria esse caminho eventualmente. “Eu cresci em sets, eu amo o lado deles de colônia de férias. Eu sou fascinada pelo processo de criar um filme, e eu quero achar um trabalho que eu seria capaz de desistir da minha vida. Por agora, será apenas um curta, mas vai ser muito legal,” ela diz. Nós não vamos saber mais do que isso, além do fato de que será filmado esse verão e ela não vai aceitar nenhum papel até que esteja finalizado. Mais uma razão para saborear sua dupla aparição em Cannes. Após Crepúsculo, a Palma de Ouro?
* Tradução da Equipe Kristen Stewart Brasil
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