Entrevista da Kristen para o Festival de Cannes

By Kah Barros - 13:01


Festival de Cannes, Olivier Assayas, um César, Chanel… Você está virando francesa?

Quase! Estou chegando o mais perto que posso. Vou interpretar Jean Seberg em Against All Enemies de Benedict Andrews. Muitos diálogos são em francês, apesar de que o sotaque dela é terrível. Então, eu preciso aprender mais do que nunca, o que vai ser divertido. Estou chegando um pouco mais perto de ser francesa!

Você já maratonou filmes franceses?

Não o tanto quanto eu deveria. Eu já assisti muitos filmes, mas eu não me descreveria como cinéfila. Minha experiência tem sido muito incrível porque eu literalmente sinto que estou frequentando uma escola de cinema. Todos podem ter uma resposta emocional a um filme. É uma linguagem universal, eu não me sinto intimidada. O cinema francês é um lar para um grupo diverso de pessoas que são muitos diferentes, e ainda assim muito eloquentes e informados. Eles são como meus professores.

Olivier Assayas disse que você cria um senso de espaço com o jeito que você atua. Como você se sente sobre isso?

Esse espaço é algo que ele me dá. Eu fiz cinco filmes onde me senti o oposto de livre. Eu acho que um ambiente que te dá espaço para criar algo inesperado leva um grande planejamento e preparação, e uma mente brilhante que sabe como juntar isso e fazer funcionar como deveria. Uma vez que você possui todos esses ingredientes no lugar, você cria um espaço onde você pode perder o controle. Eu não tento criar uma emoção específica, eu nunca senti como se ele quisesse que eu atingisse algo em particular. É um jeito diferente de trabalhar e é ótimo, apesar de que eu prefiro ser mais dirigida, ter alguém me esperando com uma rede para quando eu cair.

Em Personal Shopper, você confunde as linhas de gênero, é como se você pudesse ser um homem ou uma mulher…

Isso é perfeito porque eu acho que a perda do irmão da minha personagem é tão central, quase como se ela quisesse ser ele para tê-lo mais perto, para não precisar sentir saudade e ela está passando por esse período difícil do luto. Eu amo a ambiguidade na personagem, você nunca sabe quem ela é porque ela mesma não se conhece.

Você poderia interpretar um homem?

Totalmente! Gênero é um mito, se você me perguntar. A relação de cada indivíduo com seu gênero cabe totalmente a eles definir. Mas eu realmente acho que pela flexibilidade inerente ao gênero, há bastante espaço para todos os tipos de abordagem.

Qual o seu papel dos sonhos?

Eu tenho dificuldade em definir o que eu quero como atriz. Como cineasta, diretora, a pergunta é mais fácil. Como atriz, eu quero nunca saber. Eu quero estar presente em algo e sentir com tanta realidade que não vai parecer fingimento, como se eu estivesse honrando parte da história. É sempre uma surpresa. Assim que eu começo a colocar a mão para dar forma nas coisas… tipo, eu nunca vou produzir um filme, eu te prometo. Eu nunca vou montar uma produtora. Eu quero dirigir e escrever. E atuar para pessoas que dirigem e escrevem.

Seu primeiro curta, Come Swim, foi revelado aqui em Cannes. O que isso ensinou a você?

Thierry Frémaux tem sido legal comigo. Para ser sincera, isso meio que fechou um capítulo para mim. Eu tive esse momento de despertar. O que eu aprendi foi que eu quero fazer filme porque é bom, porque realmente é o melhor jeito de capturar algo, de colocar seu jeito em alguma coisa e de juntar um grupo de pessoas que se sentem do mesmo jeito. Filmes podem educar, eles podem nos unir, preencher lacunas, nos fazer sentir menos sozinhos. No final daquele filme, eu me senti totalmente completa.

Sobre o que será seu primeiro longa-metragem?

Estou adaptando uma autobiografia. O nome é The Cronology of Water. Lidia Yuknavitch é de Portland. Eu amo seus romances, mas suas autobiografias… isso é muito pessoal para ela. Ela está no meu sangue e eu sabia disso antes de conhecê-la. Assim que eu a conheci, foi como se tivéssemos começado essa corrida sem nenhuma competição. Eu vou fazer o filme nesse verão, mas além disso, meu único objetivo é apenas terminar o roteiro e contratar uma atriz espetacular. Eu vou escrever o melhor papel feminino. Eu vou escrever um papel que eu vou querer muito, mas não vou interpretar.


Fonte | Via

*tradução: KSBR

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