Suponho que temos que começar falando sobre como surgiu a oportunidade de ser presidente do júri do Berlinale, porque quando você foi apontada, eu não fazia ideia.
Não, totalmente. Foi uma loucura quando eu recebi a mensagem. Não quero ser pessimista, mas não há dúvidas de que é… um benefício mútuo. É claro que é bom para eles porque recebem publicidade com o meu nome, o que está tudo bem por mim porque quanto mais atenção a festivais de cinema, até mesmo os grandes como este, recebem, maior destaque os filmes menores ganham.
No bate-papo de ontem, você se referiu ao “pensamento de grupo” como um júri coletivo, o que a princípio soou orwelliano para caralho, quando colocado em uma perspectiva positiva, é algo realmente incrível e destaca a importância de ir ao cinema assistir aos filmes, principalmente com outras pessoas.
Eu sempre amei assistir filmes acompanhada por isso. Eu amo assistir filmes sozinha, mas quando estou acompanhada, posso ter uma opinião muito forte duas horas depois sobre o que penso sobre o filme e outra pessoa dizer o completo oposto, então posso dizer: “Merda, você está certo”. Mesmo que você não ache que a outra pessoa está certa, é uma experiência incrível falar sobre filmes com outros em tempo real. Não sinto que sou a “presidente” porque estou rodeada de tantas pessoas incrivelmente talentosas e prolíficas e, quando conversamos todos os dias, é muito bom ouvir todas essas opiniões diferentes sobre a mesma obra de arte. Todos buscamos por filmes que ultrapassam os limites e se arriscam. Esses são os que tendem a levar os maiores prêmios em festivais de cinema, que saem das fronteiras, embora filmes que abordam coisas que já foram abordadas antes, porém de uma perspectiva diferente e nova, recebem a mesma chance. É apenas brilhante assistir a um filme, ter uma experiência muito pessoal, comparar e colocar em contraste com as de outras pessoas, e então terminar com uma perspectiva totalmente diferente.
Eu tenho que perguntar… Team Edward ou Team Jacob?
Team Edward até o fim, cara.
Você parece muito satisfeita com o que Crepúsculo se tornou hoje na sua vida. Parecia que você estava tirando onda no bate-papo e que não tem vergonha de ter estado em uma franquia como essa em um evento como o Berlinale.
Não, totalmente. Depois que Crepúsculo terminou, até mesmo durante, não era pelo que eu queria ser lembrada. Eu já estava atuando há quase uma década antes da franquia, trabalhei com alguns diretores incríveis e estava irritada que todos os jornalistas só queriam falar da saga. Mas acho que o trabalho que fiz desde então me deu crédito o bastante para começar do zero.
Você definitivamente parece estar vivendo seu momento. Você interpretará Susan Sontag em breve, está planejando sua estreia como diretora para o fim do ano com a Imogen Poots, é presidente do Berlinale, e tenho certeza de que há vários projetos te rodeando que ainda não sabemos, tudo depois de uma indicação ao Oscar por Spencer. Para você, há algum momento que se destacou mais do que os outros ou isso é normal agora para Kristen Stewart?
Não sei, cara. Nunca dá para saber. Digo, é incrível, a indicação foi ótima, e definitivamente pareceu uma culminância do meu trabalho pós-Crepúsculo. Acho que, especialmente depois da pandemia, tem sido ótimo ir a todo vapor com essas oportunidades incríveis, mas é, você nunca sabe no momento.
Ainda escuta Pinegrove?
[Risos] Todo santo dia. Você é fã de Pinegrove?
Sou. Assisti ao show deles em Londres no ano passado e ainda não conseguir parar de escutá-los.
Que legal! Não conheci muitos fãs deles fora dos Estados Unidos.
Gosto muito de pop/rock indie, então eles se encaixaram no ponto certo.
Sinto o mesmo, não consigo parar.
Provavelmente somos insuportáveis para nossos amigos, ouvindo música indie melancólica o dia inteiro e nunca parando de falar sobre elas.
[Risos] Houve uma época em que eu era muito autoconsciente sobre isso, então tentei emigrar para outros tipos de música para ampliar meus horizontes, mas sinceramente, foda-se. Eu amo.
Já fui impedido, por mim mesmo, de falar sobre Radiohead na frente de outras pessoas.
Eu tive uma grande fase de Radiohead na sua idade. In Rainbows [sétimo álbum da banda], cara. Nunca conseguia parar de escutar.
Em vez de ficar assim surtando sobre minutagens específicas de Weird Fishes [canção da banda Radiohead], vou terminar a entrevista e deixar você voltar para seu pensamento de grupo.
[Risos] Obrigada, cara. Foi muito legal falar com você.
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