Omelete
Muita gente vai se interessar por The
Rover - A Caçada pela curiosidade de
ver Robert Pattinson em um papel
desafiador num filme adulto -
oportunidade que o ator agarra com
dedicação, como se pode ver na tela -
mas tantos outros espectadores podem
assistir ao filme do diretor David
Michôd (Reino Animal) pelo prazer de
ter Guy Pearce em outro faroeste
australiano, quase dez anos depois de A
Proposta (2005).
The Rover não é exatamente um
faroeste, como também não era o longa
de estreia de Michôd na ficção, Reino
Animal (2010), que o tornou conhecido
mundialmente. Ambos os filmes do
diretor transitam, porém, pelos temas e
por cenários desolados típicos dos
westerns, em que homens fazem ou
refazem o status das coisas, na ausência
da lei. Depois de interpretar um
detetive em Reino Animal, em The
Rover Pearce também carrega consigo,
agora como forma de penitência, a
bandeira da ordem.
Guy Pearce é homem que persegue
ladrões que levaram seu carro.
Robert Pattinson interpreta bandido
ferido e abandonado pelo irmão.
Em seu segundo longa, “The rover – A
caçada”, o australiano David Michôd
mostra que a força de seu filme de
estreia, “Reino animal” (no Brasil
lançado direto em DVD), não foi
acidental.
Aqui, ele retrata um futuro distópico,
não muito distante do nosso presente,
num lugar devastado depois de um
colapso econômico que nunca é
explicado. Apesar das condições
precárias e o calor infernal, é possível
sobreviver: há alguns alimentos,
combustível e dinheiro, embora o dólar
americano seja preferido ao
australiano.
Os sobreviventes estão em luta
constante, sempre sujos e desesperados.
Ainda há militares, que cuidam também
da burocracia governamental. Nesse
cenário inóspito, o carro de Eric (Guy
Pearce) é roubado, dando início a uma
perseguição.
RioShow
Num primeiro momento, “The rover —
A caçada” remete vagamente a um filme
da franquia Mad Max, por ser uma
produção em estilo road movie filmada
na Austrália e que envolve um carro e
uma perseguição obsessiva, numa
sociedade distópica e violenta pós-
colapso econômico. Apesar de todas
essas características já vistas, o longa
dirigido por David Michôd tem
personalidade própria, demonstrando
que a soma de elementos previamente
explorados, mesmo à exaustão, pode
acarretar em algo original e bem
diferente dos genéricos que vêm
assolando as salas de cinema.
“The rover” (no original) é um suspense
inteligente com verve reflexiva, numa
combinação equilibrada de
entretenimento com arte.
Independentemente de gosto, é
impossível ficar indiferente à forma
como Michôd desenvolve a narrativa.
Com roteiro do diretor, inspirado numa
história escrita por ele e pelo ator Joel
Edgerton, a trama acontece dez anos
após uma crise da economia mundial.
Um homem solitário (Guy Pearce,
soberbo) persegue assaltantes que
roubaram o único bem que lhe restava:
seu carro. No percurso, ele captura o
irmão (Robert Pattinson, em sua melhor
interpretação), com deficiência mental,
de um dos ladrões. A dupla acaba
criando uma espécie de ligação fraterna
durante a jornada.
O diretor australiano David Michôd
causou uma ótima impressão em
Hollywood com seu filme de estreia,
“Reino Animal”. É legítima, portanto, a
curiosidade em relação a seu segundo
longa, “The Rover – A Caçada”, que
estreia nesta quinta-feira no Brasil.
A produção narra a história pós-
apocalíptica de um homem (Guy Pearce)
que
busca vingança da gangue responsável
pelo roubo de seu carro. Para isso, ele
usa o irmão de um dos membros do
grupo (Robert Pattinson), deixado para
trás após ser ferido. Juntos, eles tentam
sobreviver enquanto desbravam a
Austrália.
“Adoro esse tipo de filme, com pessoas
encalhadas em uma paisagem
totalmente inabitável. É algo ao mesmo
tempo bonito – de uma forma épica – e
assustador, porque você sabe que pode
morrer se uma coisinha ou outra der
errado”, diz o diretor.
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