Scans + Transcrição: Entrevista De Robert Para a Revista Studio Ciné Live + Novo Still de Life (França)

By Kah Barros - 08:08


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Robert Pattinson, sempre duas vezes (piada de mau gosto francês porque Pattinson em Inglês soa como a palavra anel em francês.. Então, essa piada é como soando duas vezes)

Desde crepúsculo, o ator britânico, que recebeu o prêmio de Hollywood Rising Star no Festival de Deauville, não parou de trazer sua postura casual em filmes por autores exigentes. Ontem, David Cronenberg, agora, Anton Corbijn. O ídolo adolescente está em Life, como o fotógrafo que irá revelar a aura de James Dean.

Robert Pattinson aproveitou alguns dias fora em seu apartamento de Londres antes de entrar no set de 'The Lost city of Z' sob a direção de James Gray, pela primeira vez em Belfast e depois na América do Sul. Tão logo as perguntas feitas a estrela, podemos sentir que o ator não está confortável com entrevistas. O telefone faz o câmbio mais frio. Mas, como o tempo passa, por este dia quente de verão, o gelo quebra. Descobrimos, sob o jovem homem tímido, um ator engraçado e muito cinéfilo.


Antes de filmar a Life, quem era Anton Corbijn para você? O fotógrafo de músicos ou o diretor do A most wanted man?

É impossível não conhecer fotos de Anton Corbijn. Mas antes de tudo sou um grande fã de Control (primeiro filme do diretor sobre a vida de Ian Curtis, líder da banda Joy Division). Eu vi várias vezes. Eu queria trabalhar com ele.

Então é por causa do diretor que você escolhe um projeto?

Um filme é sempre uma aposta. Quando assinamos, nunca sabemos se o resultado vai ser bom ou ruim. Adoro ter garantias. Por filmar com o diretor que eu admiro, os riscos são limitados. Já sonhei que, para os próximos anos, filme com James Gray, por exemplo. Two lovers é, para mim, uma obra-prima, os atores são perfeitos, a arquitetura da história é muito sutil. Alguns diretores são capazes de filmar esse tipo de filmes. James Gray faz um cinema muito peculiar, que possui uma respiração clássica. Tínhamos três projetos juntos. Há três anos, já lhe disse sim para The lost city of Z, a fascinante história de um explorador que desapareceu na Amazônia. O script continuou a evoluir. Em primeiro lugar, Brad Pitt (produtor de cinema) deveria ter desempenhado o papel que Charlie Hunnam tem agora. Mas eu não teria desistido. Eu estava pronto para esperar mais.

De onde vem seu amor por filmes?

Meu primeiro choque como um espectador, foi aos 15 anos, era À bout de souffle de Godard. Após assistir o filme, eu queria ser Belmondo, mesmo não querendo ser um ator ainda. O estilo de filme ainda era novo. Depois disso, eu descobri o Milos Forman e Bob Rafelson. E, mais tarde, tremi na frente Scanners de David Cronenberg.

A lista de diretores que você trabalhou é realmente impressionante: Werner Herzog, David Cronenberg, James Gray, Harmony Korine para o próximo ano. Você só deseja ter uma carreira em filmes independentes?

 Os papéis mais apaixonantes são encontrados em filmes independentes. É impossível ter um sucesso de público, dando-lhe um papel subversivo porque ele só é feito para entreter o grande público. Eu não quero ter postura de um artista, não estou interessado em um filme que seja apenas para atuar nele. Quero papéis que me faça correr riscos cada vez (que ponham a mim em perigo).

Pôr você em perigo de que forma?

Eu não sei. Atuo há onze anos e eu começo a saber o que eu gosto e o que eu posso atuar ou não. Na verdade, procuro por papéis complicados. Eu amo a ideia de olhar para um papel sem saber como representá-lo. A experiência como um sentido científico me seduz. Não a experiência como uma habilidade.

Você está indo em direção a este tipo de carreira devido ao que aconteceu com a saga Crepúsculo?

Eu comecei com papéis estranhos, antes mesmo de filmar Crepúsculo. Havia pequenos filmes. E mesmo Twilight, se realmente pensar sobre isso, não é realmente convencional. Na verdade, eu nem sei como ser convincente como uma pessoa normal, em um papel.

Você recusou um monte de franquia?

Impossível responder a isso. Meu agente sabe o que me interessa e apenas classifica, eu acho. Para tirar sarro de mim, ele geralmente diz, 'e se um estúdio chegar até você com um herói que tinha uma perna de pau ou algo repulsivo, você aceitaria isso?' Sigo meus sonhos: trabalhar com diretores que admiro. Fique tranquilo, a lista não é tão longa, eu estou chegando ao fim em breve. Eu tenho 14 diretores favoritos e já filmei com 6 deles. Mas eu tenho a chance de descobrir novos diretores também, como Josh e Ben Safdie com quem vou filmar uma comédia de humor negra, Good Time, em que eu quase vou ser o único ator profissional.

E sobre o projeto que você tinha com Olivier Assayas, Idol's Eye?

No outono passado fui para Toronto para o filme e um dia antes de filmar, tudo parou. Isso aconteceu três vezes. Horrível. Não sei onde estamos.

Por que você queria Romain Gavras como diretor do anúncio Dior?

Eu caí de amor por seu filme,  Notre jour viendra. E sobre o estresse, clip de sua música Justice. Eu gosto da energia frenética que vem dele. Eu sei que o vídeo (que mostra crianças nos bairros sendo agressivas, quebrando tudo) tem sido considerado subversivo. Romain disse que no dia em que foi lançado, as opiniões de extrema esquerda disseram que ele era um fascista, e as opiniões de extrema direita disseram que ele era um anarquista.

Difícil relacionar isto com a marca de luxo...

Eu estava um pouco ansioso para filmar um anúncio. Não gostei realmente da ideia de me encontrar em uma posição onde provavelmente diria 'Olha pra mim, olha para mim'. Com Romain Gavras, senti como se o filme seria mais visceral e menos estético. Claro, ainda é um anúncio. Estou satisfeito que eles adicionaram uma menina, Camille Rowe. Ela chama a atenção para si mesma.

Você deve odiar ser fotografado. É um pouco paradoxal que aceitou um papel como um fotógrafo...

Para mim, Life não é um filme sobre a fotografia. O que realmente me atraiu era o caminho que um homem escolheu para se tornar um artista. Dennis Stock vê James Dean como um assunto que irá abrir as portas da sua carreira artística. Como James Dean acha que ele é o artista e que as fotos de Dennis só serão famosas por causa dele. Eu amo este paradoxo. Dennis Stock era na verdade um pouco amargo, que a única coisa que nos lembramos de sua carreira foram as fotos do James Dean. Ele disse que ele fotografou, belas paisagens em um ensaio e jazz. Ele odiava a razão pela qual ficou famoso. Eu acho realmente interessante. Isso acontece às vezes com atores.

Dennis Stock é um homem desagradável. Você se incomoda com esta imagem desagradável?

Não, é por isso que o papel é apaixonante. Depois de ler o script, eu imaginava Stock ao meu lado. Eu quase podia sentir a sua falta de jeito, sua frustração, sua falta de confiança. Eu entendi este homem que se tornou um pai aos 20 sem saber como ser um.
Como você fez a abordagem do papel?

Anton Corbijn me deu uma Leica. Eu andei com ela durante quatro meses. Eu desejei poder ser um fotógrafo de berço, mas nenhum milagre aconteceu. Minhas fotos não eram nada formidáveis. No entanto, estes quatro meses me fizeram entender a posição do fotógrafo. Os sentimos à vontade em todos os lugares, como se tivéssemos uma boa desculpa para estar lá. Mãos segurando uma câmera é como você ter poderes. Foi particularmente verdade na década de 50, porque só os profissionais poderiam andar por aí com uma câmera. Os que não eram profissionais foram apenas inventados e algumas pessoas realmente poderiam pagá-los. Há solidão também – tema acalentado por Anton Corbijn – porque fotografia é uma das poucas arte onde você pode esconder seu rosto. Dennis também queria ser uma estrela, mas ele não poderia quebrar a janela atrás da qual ele se escondeu. Essa separação torna-se mais forte quando você fotografa pessoas famosas.

Em que a vida mudou?

Eu tento encontrar papéis que vão me fazer entender que eu sou melhor e para melhorar também. Para mim, Life é uma história sobre a auto-confiança. Eu tenho, pois, estou aceitando papéis que nunca nunca tinha antes. Filmes extremos, como o Safdies. E então a próxima com Claire Denis, de quem eu sou um fã desde que descobri o White Material. Será seu primeiro filme em língua inglesa e seu primeiro filme de ficção ciêntifica!

Life questiona o mito da eterna juventude. Como você imagina seus 30 anos, tendo 29 hoje?


Eu descobrir os papéis masculinos muito mais atraentes enquanto envelheço. Então eu não tenho medo de mudar. Pelo contrário. Quando você está com seus vinte anos, é difícil encontrar bons personagens. Quando adolescente, eu amei como James Dean se movia. Ele tinha uma elegância incrível. Se olharmos para sua interpretação, ele faz um monte de gestos que parece passos de dança.

Qual é a sua relação com seu corpo?

Eu sempre fui pouco à vontade com meu corpo.Eu estou apenas começo a ficar confortável com isso. Mas acompanhar uma aula de dança como James Dean, é o retrato do inferno para mim! Não gosto de construção do corpo também. Acho que eu deveria continuar com ele.

Você se sente pressionado pelo negócio de permanecer jovem e bonito?

Assim que eu precisar dele, eu vou correr para o cirurgião estético e substituir tudo o que precisa ser! Ao que parece silicone super-músculos foram inventados.

A carreira de Leonardo Di Caprio, com quem você é muitas vezes comparado, é um exemplo para você?

Sim, ele tem uma carreira incrível. Eu adoraria trabalhar com David Michôd, mais uma vez, como Leo fez com Scorsese. A verdade é que, realmente não sei onde quero ir. E não sei o que sou capaz. Eu confio no destino.

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