Scans + Entrevista de Kristen Para o Cine Premiere México

By Kah Barros - 08:47

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Coincidências E Possibilidades Que Desaparecem
Woody Allen lança Café Society, seu filme mais recente, e o faz em um ano onde a nostalgia pela velha Hollywood parece estar por todos os lados.
Alguma vez você já percebeu que os filmes similares são lançados nas mesmas datas? Você se perguntou por que os estúdios permitem que isso aconteça? O fato é que, seja qual for o motivo, os temas dos filmes em Hollywood frequentemente saem um atrás do outro – por exemplo, O Grande Truque e O IlusionistaA Casa Branca e A Invasão à Casa BrancaArmagedon e Impacto ProfundoVolcano: A Fúria e O Inferno de Dante-. Ainda que não é um assunto que se associaria com Woody Allen, pois raramente está em sintonia com o espírito do momento, seu mais recente filme comprova que a teoria é errada. Há muitas similiaridades temáticas entre a trama de Café Society, protagonizado por Steve Carell, Kristen Stewart e Jesse Eisenberg, e o possivel concorrente ao Oscar, La La Land, de Damien Chazelle. No entanto, na primeira podemos ver os temas que sempre deixou Allen obcecado: a razão vs. a paixão, o amor fora de hora e, sobretudo, seu amor pela velha Hollywood das grandes estrelas.
Virtualmente, os filmes são dois lados de uma mesma tela belamente filmada. A viagem emocional que compartilham é mais profunda: ambas exploram as escolhas do coração humano – o que poderia ter sido e o que foi – e em ambas há uma auto-reflexiva aceitação das decisões e te deixam pensando que escolhas você teria tomado.
Conversamos com Kristen Stewart sobre estes temas e o particular processo de trabalho do cineasta nova-iorquino.
Você já pensou alguma vez no fato de que se tivesse escolhido uma pessoa, sua vida teria tomado uma direção completamente diferente?

Penso nisso o tempo todo. Todo mundo faz isso. Acho que imaginar o que poderia ter sido é natural, mas eu estou muito feliz onde estou.

Você se identifica com o conceito de que “aquela pessoa que se foi ou escapou”?

O que eu realmente gosto na Vonnie [sua personagem] é que não acho que ela realmente se arrependa, não acho que ela sinta que alguém escapou. Ela pensa em sua vida e considera casos hipotéticos. Ela aprecia todas as suas experiências, não escolhe fazer as coisas de forma convencional. Nos anos 30, se você não estava casada até certa idade e com alguém apropriado para você, e estava esperando, era um fracasso. Naquela época era realmente aterrorizante a ideia de que não cuidariam de você.
Foi uma maneira de refletir sobre o quão suscetível uma pessoa jovem é quando obtém poder?

Totalmente. Neste caso particular acho que os personagens de Steve e Jesse conseguem diferentes facetas de Vonnie e há uma dualidade nela que se revela a partir dessas duas interações, dessa relações. Certamente penso que se você está apaixonadamente envolvida em algo, sempre haverá um jogo de poder. Não vou ao trabalho e apago a minha vida pessoal. Não vou a uma escritório, não tenho um trabalho típico, assim que não posso falar disso, mas certamente me identifico com me sentir estimulada pelas pessoas com as que trabalho nesta bolha. Definitivamente, é real.
Você acaba de dizer que ela era feliz com suas decisões, mas sua escolha apelava para diferentes tipos de amor; tinha o sexual, a companhia, o intelectual. Que tipo de amor é vital para você?

Isso é o que eu estava tentando dizer. Há diferentes versões do amor e ainda que não possa defini-las não quer dizer que não sejam valiosas, inclusive se não pode defini-las em termos convencionais. Eu gosto de todas. Tenho diferentes interações e obtenho diferentes coisas dos meus amigos. Não é da mesma maneira com todos. Sou diferente com você de como sou com alguém e de como sou com outra pessoa.
Em um ponto, seu namorado no filme, Bobby [Jesse Eisenberg], disse que Hollywood é tedioso, asqueroso, uma indústria onde há canibalismo e você lhe diz que sente pena das estrelas que vivem em uma mansão com piscina. Qual é a sua definição de Hollywood? Acha que é um lugar borbulhante, ou contaminado e sombrio?

Acho que depende de como você vê. Você pode decidir se concentrar nas coisas que te importam e definem. Muitas pessoas estão mais preocupadas por como são as outras coisas, quanto dinheiro os outros ganham e o concurso de popularidade que se desprende disso. Não acho que isso o define por completo. Acho que há muitas pessoas em Hollywood que querem se aproximar mais uma das outras ao contar histórias, fazer filmes, e eu amo isso. Não sinto desdém por quem o faz de forma diferente. Só que eu não faço assim.
Você se lembra de algumas das coisas que te surpreendiam mais no showbiz quando começou sua carreira?

Eu tinha nove anos. Minha mãe é revisora de roteiros e meu pai é diretor de palco, assim que eu acho que via isso como um trabalho tradicional. Eu pensava: “Eu sou um membro a mais da equipe. Todos estão fazendo com que aconteça.” Esse processo me chamava a atenção e acho que o que me surpreendeu mais foi quando cresci uns anos e me senti realmente comovida pela arte que isso implicava e me dei conta de que a atuação era o que eu queria fazer para sempre. No começo eu só queria fazer filmes e estar no set. Queria um trabalho. Me deslumbrei com a forma em que cada uma das minhas moléculas se sentiu realizada. Eu amo demais isso.

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