Por 10 anos, Chloë Sevigny não estava recebendo os tipos de papéis que ela gostaria. Apesar de ser conhecida por uma indicação ao Oscar por Boys Don’t Cry em 1999, ela ainda estava interpretando coadjuvantes. Então, ela criou um papel principal para ela mesma com Lizzie, um filme sobre a famosa Lizzie Borden.
“Eu queria estrelar em um filme,” ela disse. “Eu queria dar para mim mesma a oportunidade, e eu disse que eu queria interpretar essa personagem complexa, explorá-la e ter minha própria interpretação do mito, da lenda dela.”
Lizzie é um suspense psicológico baseado nos assassinatos de 1892 do pai de Borden (interpretado por Jamey Sheridan) e madrasta (Fiona Shaw). Sevigny interpreta a protagonista nas semanas que levam aos assassinatos pelos quais ela foi acusada, julgada e inocentada. Ela se junta a Kristen Stewart, que estava no topo do estrelado com Crepúsculo em 2008 quando Sevigny estava tentando fazer com que esse filme acontecesse e interpreta a empregada da família e amante de Borden, Bridget.
Sevigny diz que ela era “muito familiar” com o mistério Borden já que nasceu em Massachusetts. Ela até passou uma noite em Lizzie Borden Bed and Breakfast, a casa onde aconteceram os assassinatos.
“Eles contam uma lorota para você e te assustam e dizem que 50% dos hóspedes vão embora no meio da noite,” ela disse. “Quando eu ouvi o papo eu disse, ‘Isso é um filme e eu quero fazê-lo.'”
O conceito original do projeto, escrito pelo amigo de longa data e antigo colega de quarto Bryce Kass, era na forma de uma minissérie que eles compraram na HBO. (Sevigny estava quase no final de Big Love na emissora na época.) Quando a produção ficou de pé, a Lifetime lançou The Lizzie Borden Chronicles, um filme para a televisão estrelado por Christina Ricci, em janeiro de 2014. Mas Sevigny já tinha investido muito tempo e energia que ela ainda estava determinada a fazer o filme.
“Tomou formas diferentes durante os anos, mas decidimos fazer um filme menor focando na fica doméstica e no relacionamento de Lizzie e Bridget,” Sevigny disse. “Nós transformamos em uma história de amor.”
E mesmo que Sevigny teve a oportunidade de fazer papéis mais complexos desde o início do projeto, ela “precisava ver frutificar.”
“Eu não ia deixar de lado,” ela disse. “Eu precisava ir até o fim.”
Para Stewart, assinar para fazer o projeto foi simples.
“Somente o nome dela na página e o fato de que ela mesma organizou e era sua primeira vez produzindo… E baseado nas minhas impressões dela de longe e sabendo casualmente sobre ela e seu trabalho, eu sabia que queria ser parte de disso,” ela disse.
Stewart então leu o roteiro e “provou ser um olhar legal sobre algo que eu só sabia a versão da rima da infância.”
“Eu fiquei atraída pela ideia do que poderia ter levado a algo tão horrível e como essas duas mulheres em posições similares estavam apoiando uma a outra e as coisas saíram de controle.”
Enquanto estavam fazendo o filme, a equipe inteira tentou não permitir o interesse obsessivo que o caso geralmente oferece impactar seu trabalho.
“Alguns deles são fanáticos, e eu já fiz adaptações de livros e coisas onde pessoas são apaixonadas e quando isso difere do que eles acreditam [ou deveria ser], as coisas esquentam,” Sevigny disse. “Então você tenta antecipar isso, mas espero que eles apreciem o que fizemos e vejam a beleza e paixão nele.”
Stewart adicionou: “Para qualquer pessoa que já gosta disso, me faria feliz saber que eles estão interessadas em algo um pouco reimaginado. E nós não estamos esperando críticas porque não estamos falando que é certeza. Nós apresentamos uma hipótese, totalmente. É tipo, ‘Imagine que isso aconteceu.'”
Veja, por exemplo, o relacionamento romântico entre as personagens de Sevigny e Stewart. Ninguém sabe de verdade se as duas mulheres eram amantes.
“Não existe muita informação sobre a minha personagem a não ser onde ela estava durante os assassinatos, o que os levou a querer que o principal elemento dessa história fosse o relacionamento delas. Porque a única coisa que você sabe com certeza é que ela deveria saber o que estava acontecendo, porque ela era a única pessoa lá além de Lizzie,” Stewart disse. “Ela estava lavando janelas por duas horas? Sério?”
Explorar esse relacionamento também permitiu que o filme, Stewart disse, explorasse como a vida era para mulheres queer durante um período onde suas narrativas eram subestimadas.
“Há muitas histórias que vemos durante os anos que teriam narrativas LGBTQ mas não estão presentes porque eles não eram reconhecidos,” ela continua. “Talvez seja um filme de época ou talvez até mais velhos onde não estão reconhecendo o elemento gay que provavelmente está lá. Eu acho que é muito legal olhar para trás e ficar, ‘Como o gay era visto nessa época?’ e ‘Como essas duas mulheres seriam? Como elas se apresentariam em uma época onde elas não podiam ser naturais?'”
“Eu me senti muito limitada só com as roupas. Você não pode usar nada além daquele vestido preto, a empregada. E quando elas finalmente decidem se revelar uma para outra, mesmo que muito rápido…”
Sevigny interrompeu: “É muito delicado, e prático.”
“E é legal que não tivemos alguém, como nosso diretor hétero, entrando e dizendo ‘Eu tenho ideias sobre como devemos contar essa história visualmente,'” Stewart continuou. “Ninguém ficou tipo, ‘Sim, mas vamos fazer isso de um modo bonito.’ Eu amo que quando elas fazem sexo é rápido, super real. E não é tímido, não está não tentando mostrar nada. Há um imediato que é autêntico e bom.”
Como tal, Lizzie é instrutivo, Stewart disse, para “qualquer pessoa que quer fazer um filme que não é diretamente reflexivo em quem eles são, ou algo que não esteja totalmente em seu ambiente.”
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