Kristen Stewart fala sobre Spencer para o Parade

By Kah Barros - 08:00

 

Você ficou nervosa ou teve alguma dúvida sobre fazer um filme que retrata uma vida tão famosa com imaginação e arte?


Na verdade, foi a única coisa que fez a experiência valer a pena para mim – não foi reiterar fatos que realmente turvam as águas da verdade mais do que retratam uma vida real. Acho que ficar obcecado com o preto e branco, o disse me disse, enfraquece completamente a oportunidade que um filme teria de capturar um sentimento. Não fizemos um documentário, não estamos tentando de nenhum jeito dar uma informação nova. Tudo o que temos sobre ela, já sabemos.

Eu abordei tudo de um jeito moralmente responsável para ter certeza de que estava do lado certo da rua e percebi que não havia nada de errado no roteiro. Não há nada que dizemos que ela fez ou que declaramos que sabemos que seja historicamente incorreto.

Ela também era alguém que, no fim de sua vida, realmente se expôs de um jeito articulado, comprometido e começou a falar com o público livre e desimpedida. Estamos muito cientes de sua luta com a comida, imagem corporal e saúde mental. Seria muito mais satisfatório fazer um filme sobre ela se inclinando para a fantasia e cedendo ao hipotético porque ela nunca teve a chance.

Qual foi a parte mais difícil de interpretar a Princesa Diana?

Duas partes: Eu queria ter certeza de que seu relacionamento com os meninos fosse verdadeiro e não pintado. Sua versão mais compreendida e firme é quando está com os meninos e sinto essa natureza protetora que não senti com nenhum outro aspecto de sua vida. Ela está constantemente procurando por trás de um véu para conseguir falar: “Isso é o que estou dizendo, mas isso é o que eu quero dizer.” É como toda a coisa do manter a cabeça abaixada, mas manter os olhos para cima. Era como se ela sempre estivesse tentando dizer algo que não podia articular. Então, com os meninos, a parte mais difícil foi ter certeza de que parecia tão vivida e verdadeira – genuinamente cheia de amor. A parte mais bonita dela é ser mãe.

Também, ela é tão legal [risos] e tão contagiante, desarmante e casual. Por falta de palavra melhor, legal. E eu não digo legal de um jeito esnobe ou frio – do jeito mais acessível e charmoso possível, todos a amam. A ideia dela como uma entidade que transcende.

Você assistiu The Crown ou evitou na preparação para esse papel?

Eu assisti tudo e estava em um estágio meio obsessivo de pesquisa. Acho que maratonei todas as temporadas em três dias. Assisti do começo ao fim. Até certo ponto, eles andam juntos, nós nunca sentimos que tínhamos que fazer o que eles estavam fazendo. Esse filme é totalmente diferente.

De uma forma muito pouco acadêmica, se eu não me sentia com vontade de pesar opiniões ou perspectivas conflitantes, ou ler um novo livro, eu assistia The Crown e vivia com Emma [Corrin] por um segundo [risos]. Eu realmente amo aquela série e nós usamos em nossa vantagem. Fico feliz que existe.

Você incorpora essa personagem de um jeito assustador e transcendente para o público. Diana deixou uma marca em você?

Sim. Espero encontrar uma maneira de falar isso de forma legal, concisa e realmente certa, talvez isso aconteça em algum momento nesse processo – entrar em sua pele e apenas projetar esse calor que sentimos dela – apesar de nunca ter passado um tempo com ela. Ela se destaca em cada foto, ultrapassa cada lente e te toca.

Eu tenho olhos verdes e 1,65m, ela tem 1,80m e lindos olhos azuis. Ela tem essa coisa onde sinto que quero que seja minha mãe e minha melhor amiga, quero ser um ombro para ela chorar, quero ver quem corre mais rápido.

Quando imaginei quem ela era e como ela afetava as pessoas, eu peguei “isso”. Levei para o set. Era apenas uma projeção, uma ideia, mas de alguma forma, ficar perto dessa ideia por osmose – que era ela, o quanto você quiser fazer ser espiritual. Se nossas experiências são totalmente quantificadas por nossas imaginações, eu imaginei uma nova confiança, uma nova tranquilidade, uma crença e fé em outras pessoas que era muito recíproca. Se eu ia para o set me sentindo assim, então de repente, todos estavam se apoiando em mim. Foi divertido interpretá-la, mesmo que ela estivesse muito triste nesses três dias. Toda a equipe dançava todas as noites, chorávamos juntos. Nunca me senti tão conectada com outras pessoas e acho que isso era claramente ela.

Já se passou cerca de um ano e parece seguro chamar Happiest Season de um clássico de Natal. O que você pode nos contar sobre a experiência de fazer o filme e todo o feedback positivo desde o lançamento?

Clea definitivamente queria fazer um clássico de Natal, então é maravilhoso ouvir isso. Eu amo a Clea e quando li o roteiro, pensei: “Oh, uau, não acredito que demorou tanto para alguém fazer um filme tão direto e queer.” Eu tenho zombado sobre todos os dramas lésbicos de época que foram feitos recentemente – que acho que deveriam fazer mais! Alguns são melhores que outros e é fácil tirar sarro dessa tropa. Pessoas brancas, cis e héteros puderam fazer filmes de Natal ad nauseam.

Não acredito que essa pequena e fofa tentativa de fazer algo doce teve tanto impacto. É só um filme de Natal sobre duas meninas que vão para casa e tentam fazer funcionar com suas família. Precisamos de mais filmes assim: pequenos, bons, ambiciosos e simples, todos eles e com tudo o que tem direito. Tenho muito orgulho de estar naquele filme.


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