Kristen Stewart participa da mesa redonda do The Hollwood Reporter
"Bilheteria? Eu não me importo. Eu fiz meu trabalho ”: Jennifer Hudson, Kristen Stewart, Tessa Thompson e a mesa redonda de atrizes do THR.
Jessica Chastain, Kirsten Dunst e Emilia Jones também participam da discussão, compartilhando e trocando conselhos sobre as ansiedades da indústria (COVID ou outra), o momento em que o sucesso parecia mais distante e o chefe de estado que todos admiram.
“Bem-vinda à indústria!” brincaram Jessica Chastain e Kristen Stewart com a colega mais nova, Emilia Jones, enquanto os seis talentos da mesa redonda de atrizes do The Hollywood Reporter lamentavam sobre trabalhos ignorados que foram feitos com amor (“Alguém vai assistir isso?”), o grau em que o medo direciona suas decisões (Jennifer Hudson e Kirsten Dunst dizem que não direcionam, Tessa Thompson e Stewart dizem que não mais) e como navegaram com o COVID-19 para entregar algumas das performances mais aclamadas do ano. Reunidas na sede do THR no final de outubro estavam: Chastain, estrela e produtora de Os Olhos de Tammy Fayer, de Michael Showalter; Dunst, que interpreta uma mãe casada novamente na década de 1920 atormentada por seu cunhado em Ataque dos Cães, de Jane Campion; Hudson, que canaliza Aretha Franklin em Respect, de Liesl Tommy; Jones, que interpreta a filha ouvinte de pais surtos em CODA, de Sian Heder; Stewart, que habita a princesa Diana em Spencer, de Pablo Larraín; e Thompson, que interpreta uma dona de casa em Harlem na década de 1920 se reconectando com uma antiga amiga que se passa como branca em Identidade, de Rebecca Hall. Na reunião, as velhas amigas Stewart e Dunst se abraçam enquanto toda expressam alegria por estarem se comunicando pessoalmente. Como Dunst coloca, após quase dois anos vivendo e trabalhando em uma pandemia, é época de apreciar coisas mais importantes que filmes. “Como você define sucesso? Seus avós estão vivos”, ela diz com uma risada seca. “É uma época estranha.”
Estamos nos reunindo em um momento em que cada uma de vocês está recebendo aclamação geral por seus trabalhos, um momento que deve parecer como o auge profissional para cada uma de vocês. Enquanto isso, muitas assistindo essa conversa sonham com um momento como esse, mas parece muito distante. Para cada uma, qual foi o momento em que isso parecia muito distante? E vocês já consideraram não continuar nesse caminho?
JESSICA CHASTAIN: Não, porque eu cresci muito pobre. Acho que é ótimo porque nunca tive pais que diziam: “Você precisa ser médica!” Sempre foi: “O que você quiser fazer, vá em frente.” Quando eu estava no ensino médio, sonhava em estar no Oregon Shakespeare Festival e trabalhar na companhia de repertório, então isso é mais do que sonhei! Enquanto pudesse pagar meu aluguel e me alimentar, estava feliz. Nunca realmente tive um momento em que pensei: “Vou desistir de tudo.”
JENNIFER HUDSON: Ainda sinto que tenho momentos assim, mas não permito que isso seja o que me motiva. Faço tudo porque sou apaixonada e espero que seja recebido bem. Para mim, o presente é poder fazer o que amamos.
KRISTEN STEWART: Se eu não tivesse chegado nesse lindo e luxuoso lugar de escolha, teria encontrado meu caminho pela produção. Eu quero fazer filmes. Cresci em uma família centrada em filmes e ainda estou faminta por isso. Houve um momento em que falei para minha mãe que ela não precisava mais me levar para os testes porque nada ia acontecer. Mas logo depois consegui meu primeiro trabalho, aos 9 anos, então fiquei por aqui.
TESSA THOMPSON: Eu cresci em Los Angeles, meu pai é músico, e morávamos em um estúdio em Yucca e Ivar, então a Calçada da Fama era meu quintal. Eu estava tão perto da indústria de um jeito, mas ao mesmo tempo tão longe. Nunca entendi como as pessoas acabavam fazendo filmes. Não fazia sentido para mim. A única coisa que fazia sentido era ir para Nova York ou fazer teatro. O que você pensa quando é jovem é como sair de onde você está, mesmo que o lugar seja adorável. Mas eu voltei, e amo tanto contar histórias, então mesmo nos dias em que penso: “Vou empacotar minhas coisas e ir embora”, ainda quero estar envolvida com histórias de algum jeito.
KIRSTEN DUNST: Eu tive muitos momentos assim. Mas enquanto crescia, aprendi a fazer o que faço de modo diferente e tornar isso mais emocionante para mim, em vez de apenas dar para outras pessoas.
EMILIA JONES: Atuo desde muito jovem. Não foi até conseguir meu primeiro papel em Brimstone, um filme que fiz aos 13 anos, que eu percebi: “Ok, eu quero fazer isso pelo resto da minha vida.” Há momento em que você é muito jovem para interpretar alguns papéis, mas está muito velha para interpretar crianças, então eu fiquei sem trabalhar por um tempo. Mas aprendi muito com autogravações, então nunca chegou a um ponto onde pensei: “Oh, isso não é para mim”, mesmo quando não estava trabalhando.
Vamos falar sobre os papéis que todas estão interpretando. Jennifer, Aretha Franklin tem sido uma presença na sua vida desde o começo, certo? Parece que as estrelas se alinharam para que você a interpretasse.
HUDSON: Pareço descobrir tudo através da música primeiro e Aretha era uma dessas pessoas para mim. Eu cresci cantando no coral da igreja e ela era a pessoa ideal. A música do meu teste no American Idol era “Share Your Love With Me” da Sra. Aretha – essa foi minha introdução ao mundo. Louco, não é? Tudo prepara você para o que está por vir. Dois anos depois, consegui Dreamgirls. Eu ganhei o Oscar. Logo depois disso, tivemos nosso primeiro encontro para interpretá-la. Sua fé em mim me deu a coragem para passar por isso.
Falando sobre a confiança de outra pessoa em você para fazer algo que talvez você precise ser convencida a fazer, Kristen, você comentou sobre Pablo Larraín ter entrado em contato e dito: “Vejo você como a princesa Diana”, e como isso não era tão óbvio para você.
STEWART: Sim. Digo, sua confiança foi contagiante e reconfortante, mas assim que eu desliguei o telefone e fiquei sentada cinco minutos sozinha no meu quarto, pensei: “Não sei…” Eu não havia lido o roteiro ainda. Ele estava falando sobre ser um sonho febril meio poético que se passa em três dias. Eu abordei como: “Quem sou eu para recusar isso? Você é atriz. Você quer fazer coisas boas, quer se desafiar. O que está fazendo se recusar?”
Spencer foca em Diana saindo de seus vinte anos e vivendo aos olhos do público, em um microscópio, e sendo atormentada por isso. Você passou seus vinte anos em um microscópio. Você sentiu que podia se conectar com ela de alguma forma através disso?
STEWART: Parece o paralelo mais claro – havia muitas câmeras em nossas vidas – mas a razão era muito diferente. Não estou correndo de nada, estou indo em direção a tudo. Essa pessoa nem era permitida ser quem ela era. Eu sei o que é pensar – algumas vezes incorretamente – que todos estão olhando para você quando você entra em um local. Sei o que é pensar: “Vou ao banheiro agora, será que alguém vai me seguir?” Mas são somente coisas pequenas estranhas que posso me relacionar.
Kirsten, você ouviu de Jane Campion muito antes de Ataque dos Cães.
DUNST: Sim. Ela escreveu para mim no começo dos meus 20 anos sobre trabalharmos juntas. Eu guardei a carta porque é a Jane Campion – eu pensei: “Oh, meu Deus.” Aquele projeto nunca aconteceu, obviamente. Mas seus filmes e suas heroínas me inspiraram em minha própria carreira. Quando Ataque dos Cães aconteceu, eu li o roteiro, mas, se ela te liga, você diz sim.
Tessa, o material fonte de Identidade é o romance de 1929 de Nella Larsen com o mesmo nome. Você já era familiar com o livro antes de receber o roteiro?
THOMPSON: Vergonhosamente, não. É pequeno, apenas 93 páginas, e tanta coisa acontece no livro, mas eu não conhecia – muitas pessoas não conhecem porque ela era um pouco desconhecida e subestimada em sua época. Ela escreveu outro livro chamado Quicksand, que também é excelente. Mas recebi uma ligação dizendo: “Você deveria ler o livro e então o roteiro.” Eu abri o livro e li de uma vez só. Quando fechei, lembro de ficar com ele na mão por um tempo. Eu não conseguia me mexer, ele ficou me assombrando. Então abri o laptop e li o que Rebecca Hall escreveu, e era uma adaptação tão linda e dedicada dessa coisa que parece não adaptável. Eu não sabia como você poderia comunicar aquilo na tela, mas Rebecca conseguiu.
Parte do que atraiu Rebecca para o projeto foi que ela descobriu que talvez tinha um parente que “passava”, correto?
THOMPSON: Ela olhava para a mãe e pensava: “Tem um pouco disso, naquilo” e sua mãe insinuava que seu avô era isso ou aquilo. Treze anos atrás, alguém deu um livro para ela e disse: “Você devia ler isso.” Foi a primeira vez que ela teve esse contexto para o que era “passar”. Ela não tinha essa linguagem no que seu avô poderia ter feito, mas ele passou esse legado para a mãe dela e então para Rebecca. Ela começou a adaptar o livro, sem pensar necessariamente que faria o filme, mas ela precisava exorcizar todos esses sentimentos e ideias em torno de sua própria identidade.
Emilia, você conseguiu CODA antes de começar a série da Netflix, Locke & Key. Você imediatamente percebeu que era algo especial?
JONES: No minuto que li o roteiro, pensei: “Quem conseguir esse papel é uma atriz de sorte” porque não é todos os dias que você consegue aprender tantas habilidades. Eu estava em um Q&A ontem e disse: “Eu pude aprender três habilidades” e alguém veio até mim depois e disse: “Não foram três, foram cinco” e eu pensei: “De onde você está tirando cinco?” Língua de sinais – sempre quis aprender, mas nunca tive a oportunidade. Canto – nunca tive nenhuma aula de canto antes…
THOMPSON: Nunca? Você canta tão bem!
JONES: Minha nossa, obrigada! Eu estava com tanto medo, mas filmamos de modo cronológico, musicalmente, enquanto minha voz crescia e a voz da Ruby crescia, também. Pesca, o sotaque de Gloucester e a interpretação – você precisa aprender as falas de todo mundo em língua de sinais e falada porque, ao contrário, você não sabe quando entrar. Então, coletivamente, foi a coisa mais difícil que já fiz, mas também a mais gratificante.
DUNST: Wow. (Balança a cabeça em descrença.) Que bom para você!
Jessica, seu interesse em interpretar Tammy Faye veio de um documentário, certo?
CHASTAIN: Sim. Eu estava em uma turnê de imprensa por A Hora Mais Escura, com jet-lag em algum lugar, e assisti ao documentário Os Olhos de Tammy Faye (2000). Eu me senti muito culpada porque a minha memória de Tammy Faye era que ela era vulgar, uma criminosa, uma pessoa ruim, tudo isso. Mas quando assisti ao documentário, pensei: “Por que passamos tanto tempo falando sobre a quantidade de rímel que ela usava em vez do que ela fazia?” Em 1985, uma época em que a administração Regan não estava mencionando a epidemia de AIDS, ela levou Steve Pieters, um ministro gay assumido com AIDS, ao seu programa e olhou para a câmera e lembrou os cristãos o que significava ser cristão – que você ama apesar de tudo, esse era o jeito de Jesus. Ela ficou contra Jerry Falwell e todos os caras da comunidade televangelista. Foi um ato de amor radical. E eu senti que precisava fazer o certo. Também, A Hora Mais Escura era sobre uma mulher que queria vingança, Tammy é o oposto. Ela era uma mulher que acreditava no amor incondicional e no perdão, e eu acho que precisava desse remédio na época.
Muitas de vocês estão interpretando pessoas reais, algumas que faleceram nos últimos anos ou décadas. Como vocês calcularam como abordar seus sobreviventes? Jessica, Tammy Faye não está mais conosco. Seu marido, Jim, está, mas sei onde…
CHASTAIN: Ele está vendendo curas para o COVID.
Minha nossa.
CHASTAIN: Eu falei com os filhos dela, que são incríveis e continuam seu legado. A filha dela canta a música da mãe nos nossos créditos. O filho abriu sua própria igreja, Revolution Church, e realiza casamentos gays – ele é incrível. Mas foi uma decisão difícil porque você precisa ganhar a confiança deles. Essas são crianças que ficaram traumatizadas com a mídia. Mas uma vez que entenderam minha intenção, foi o paraíso para mim. Eles me disseram qual perfume ela usava de tal ano a tal ano. Eu perguntei qual era a cor favorita dela para a filha e ela respondeu: “Rosa e leopardo.” (Risos.) Então foi assustador entrar em contato com eles, mas fico feliz que entrei.
Kristen, Diana faleceu há 24 anos, mas muitas pessoas que a conheciam ainda estão por aqui.
STEWART: Mas é um mundo muito isolado. Pessoas que queriam falar sobre aquela época ou dar a opinião de um modo significativo escreveram memórias que estão disponíveis. Absorvemos tudo que podíamos. Assistimos todos os documentários e lemos todas as biografias – sabe, as memórias do oficial de segurança pessoal e as da empregada. Havia tantas coisas contraditórias que você podia acumular e juntar. Mas o roteiro é um poema tonal em vez de algo educacional, então não podíamos fazer nada errado.
Kirsten, seu parceiro verdadeiro, Jesse Plemons, interpreta seu marido em Ataque dos Cães e Benedict Cumberbatch interpreta seu irmão tóxico, que tormenta sua personagem. Como você interagiu com eles no set?
DUNST: Em uma cena, eu e Jesse demos os braços e Jane disse: “Isso é familiar demais” e eu respondi: “Oh, você está certa.” É divertido ser tão séria com alguém que você teve um filho – não é o que você faz por instinto – mas sim, não era próprio para os anos 20. Benedict e eu decidimos não falar um com o outro no set. E houve momentos em que eu não falava durante o dia. Quando você não fala o dia inteiro e então diz algo pela primeira vez para alguém, te dá um nó na garganta e um sentimento de insegurança esmagador. Trouxe de volta sentimentos antigos sobre ser jovem e analisar demais as coisas. Foi um lugar muito doloroso e triste de viver. Quando você supera essas coisas como pessoa e tem que voltar e viver novamente… não foi divertido.
STEWART: É estranho te ver dessa forma.
DUNST: Sim, porque você me conhece. Sou um ser humano confiante e trabalhei muito para gostar do que faço por mim mesma. Interpretar alguém que se sente tão horrível e está saindo de controle é realmente difícil.
Houve algum mecanismo de defesa que você encontrou para fazer isso?
DUNST: Bem, graças a Deus eu tinha o Jesse no set, para ser honesta. Pensei sobre isso. Pelo menos havia um alívio. Almoçávamos juntos no trailer, íamos juntos para casa e eu podia falar qualquer coisa.
Tessa, você também falou sobre o desafio de interpretar uma personagem que tem muitos sentimentos reprimidos e não consegue ter uma libertação.
THOMPSON: Foi muito desconfortável. Ouvindo você falar, Kirsten, posso me relacionar e, na verdade, quando assisti ao seu filme, pensei sobre os fios entre nossas personagens. Irene [personagem de Thompson em Identidade] é alguém que vive dentro de sua própria cabeça e é um lugar bastante traidor, então há um desconforto. Como atriz, algumas vezes é desconfortável interpretar isso. Alguém enxerga? Alguém entende? Você tem o desafio de não mostrar, porque o personagem não mostra, mas de mostrar ao mesmo tempo, porque você precisa deixar o público entrar. Isso pareceu complicado. Lembro de um dia depois de terminar uma cena – tenho certeza de que algumas de vocês já sentiram isso – me senti horrorizadas que alguém fosse enxergar. Não porque estava preocupada que seria ruim – talvez fosse, não sei – mas tinha mais a ver com o nível de privacidade e intimidade. (Chastain concorda).
É interessante notar que ambas essas personagens, da Kirsten e da Tessa, existem nos anos 20, ainda que em lugares muito diferentes, uma no Oeste e outra em Harlem, mas estão lidando com coisas similares.
DUNST: Elas seriam amigas. Uma ajudaria a outra.
THOMPSON: Oh, sim. Elas iriam para a terapia juntas. (Risos.)
Dados os tempos estranhos em que estamos vivendo, preciso perguntar como, se é que, o COVID-19 impactou as filmagens de vocês.
CHASTAIN: Terminamos antes do COVID. Nossa pós-produção foi durante a quarentena e a primeira vez que vimos o filme com um público foi em Toronto. É uma coisa interessante, reuniões com editores e pessoas da pós-produção no Zoom… É complicado.
STEWART: É tão frustrante, minha nossa! Você só quer chegar perto da pessoa e falar com ela. Já é um processo tão exigente.
CHASTAIN: É tipo (descrevendo como é ser uma produtora tentando direcionar um editor via Zoom): “Você pode ir para esse take? Não! Não!”
STEWART: “Corta três quadros – não, volta!” É horrível.
JONES: Nós terminamos de filmar um pouco antes da pandemia. Mas houve um momento em que não tínhamos a Apple ainda [como distribuidores] e pensei: “Deus, será que alguém vai ver esse filme?” Eu treinei por tanto tempo e trabalhei tanto, coloquei meu corpo e alma nisso e pensava: “Alguém vai assistir?”
STEWART: Bem-vinda! (Risos.)
CHASTAIN: Bem-vinda à nossa indústria! (Risos.)
DUNST: Nós terminamos nossas externas e então fomos para Auckland, na Nova Zelândia, e o mundo inteiro parou. Nós ficamos de quarentena por volta de um mês na Nova Zelândia porque não sabíamos se queríamos viajar de avião com uma criança. Eventualmente, voltamos para casa em Los Angeles. Mas rapidamente a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, controlou o país inteiro.
THOMPSON: Ela é tão legal.
CHASTAIN: É, ela é meio durona.
STEWART: Eu ia dizer, se você vai estar em qualquer lugar…
DUNST: Sim, esse era o melhor. Mas ainda estávamos limpando nossas compras e tomando banho logo depois. Nós ficamos de quarentena em um quarto de hotel com uma criança de 2 anos por duas semanas, o que foi muito divertido. (Risos.) Mas conseguir terminar o filme foi… Pensei que nunca voltaríamos e terminaríamos, então isso nos fortaleceu criativamente e nos sentimos com muita sorte de estar trabalhando e que pudemos viver nossa vida um pouco antes de voltarmos para casa.
HUDSON: Bem, fomos abençoados porque literalmente terminamos um dia antes de fecharem tudo. Nós ouvíamos sobre isso no set, mas quem diria o que estava por vir?
THOMPSON: Nós terminamos bem antes da pandemia e então editamos, o que foi remoto, mas era principalmente somente Rebecca e o editor em uma sala em Nova York. Então, como o filme da Emilia, fomos para o Sundance “virtualmente” – falando nisso, eu vi seu filme lá, Emilia, e foi muito adorável no meu pequeno computador. Estávamos todos querendo um abraço e o seu filme parecia um, então obrigada.
JONES: Oh, que bom, fico feliz! É, foi estranho. Estávamos vivendo nossa vida normalmente e de repente houve uma batida na porta e um prêmio do Sundance na soleira, você pensa: “Espera, o que?”
STEWART: Nós filmamos no auge do lockdown. Foi bom. Eu estava esperando a filmagem ter esse sentimento de grande escala, esperava ser um pouco mais teatral, só porque o espaço era enorme e imaginava que teríamos uma equipe maior, mas foi muito pequeno. Não nos sentimos isolados, ou pelo menos eu não notei – eu estava em outro lugar, de qualquer forma. Eu não tive que usar máscara porque estava na câmera. (Risos.) Mas vi nossa diretora de fotografia na estreia em Londres e disse: “Minha nossa! Só conheço você daqui [do nariz] para cima.”
Outra pergunta relacionada com o COVID: De alguma forma, parece que o mundo está se abrindo. Mas ao mesmo tempo, há lugares em que as coisas estão progredindo lentamente. Os cinemas ainda estão com dificuldades e mesmo um filme do James Bond está tendo um baixo desempenho na bilheteria comparado com a época pré-pandemia. Nesse clima, qual métrica vocês usam para avaliar o sucesso? É o dinheiro da bilheteria? A pontuação no Rotten Tomatoes? Outra coisa?
CHASTAIN: Eu amo voltar para o cinema, me sinto segura, mas muitas pessoas estão nervosas. Então eu não diria que um filme do James Bond está tendo um baixo desempenho, diria: “Que bom que há um produto para os proprietários exibirem e então todos podem escolher se sentem seguros ou não.” Eu não acho que entendemos o quão traumático esses últimos dois anos foram.
DUNST: Como você define sucesso? Seus avós estão vivos. (Risos.) É uma época estranha.
CHASTAIN: Eu não acho que podemos realmente olhar para cada produto e dizer: “Ok, adicione todos esses fatores e é igual a sucesso.” E eu gostaria de dizer que, nessa indústria, se isso é no que você está focado, você vai ter muita dificuldade. Você vai precisar viver e trabalhar pela experiência de trabalho. Vai ser algo que te preenche, oferece algo a você e te ajuda a crescer como humano. Se você pensar: “Preciso marcar esse ponto e esse e esse”, tudo o que você vai conseguir ser é infeliz.
STEWART: Sim. Digo, quando sua experiência e como as pessoas a consomem é completamente congruente? É muito raro. É emocionante quando acontece. É realmente legal quando você faz um filme e pensa: “Acho que esse é um bom filme, me diverti fazendo e as pessoas parecem gostar.” Mas, tipo, é um milagre. (Risos.)
CHASTAIN: E alguns filmes são feitos à frente de seu tempo, como 2001: Uma Odisseia no Espaço. Quando estreou, alguém no The New York Times disse que era imensamente entediante. É um clássico!
STEWART: Olhe as porcentagens do Rotten Tomatoes dos seus filmes favoritos. Alguns são 10% e você pensa: “Mas é uma obra de arte!”
DUNST: Definitivamente não julgo filmes pelo Rotten Tomatoes.
THOMPSON: É uma medida de sucesso para mim, o que provavelmente não é uma boa coisa. Mas amo a ideia de ser subestimada em sua própria época.
HUDSON: Para mim, sucesso é sobre criar seu próprio valor e seu próprio objetivo. Bilheteria? Não ligo. Fiz o meu trabalho, consegui fazer o que eu queria, consegui fazer o que eu amo. Isso é vencer.
Ok, vamos fazer algumas perguntas e respostas rápidas. Qual é o melhor filme de 2021 não representado nesse painel?
CHASTAIN: Meu favorito, e assisti duas vezes, é A Mão de Deus, de [Paolo] Sorrentino. É incrível, muito especial. Ele mostrou para mim e então assisti em Veneza, chorei como um bebê. Foi mais emocionante da segunda vez. Oh, e A Filha Perdida, também!
THOMPSON: Eu amei um filme chamado El Planeta que estreou virtualmente no Sundance. É feito por uma jovem cineasta, Amalia Ulman, e ela estrela ao lado de sua mãe. Também é em preto e branco, como nosso filme. Também amei alguns documentários, que sempre são meus favoritos, especialmente um chamado Flee, que é incrível.
Qual ator vivo com quem você não trabalhou que gostaria de trabalhar?
DUNST: Eu tenho uma quedinha por Penélope Cruz.
HUDSON: Denzel Washington.
JONES: Viola Davis.
THOMPSON: Tilda Swinton.
STEWART: Eu sempre quis trabalhar com a Kirsten. Estivemos em um filme juntas [Na Estrada, de 2012], mas não tivemos nenhuma cena juntas.
DUNST: Oh, você vai me fazer chorar.
STEWART: Somos amigas e eu amo a Kirsten. Ela é incrível pra caralho.
CHASTAIN: Para mim, era Liv Ullmann e Isabelle Huppert, mas trabalhei com elas, então vou dizer Cate Blanchett.
Quais papéis interpretados por essas outras mulheres aqui vocês estariam mais interessadas em interpretar?
STEWART: Acho que eu provavelmente poderia fazer a Aretha! (Risos.) Teria arrasado.
THOMPSON: Diana, com aquela sequência de dança, a corrida e a liberdade física que Kristen interpreta de forma tão linda – é como poesia. E Tammy Faye – nunca fiz algo com protéticos assim e aquele nível de carisma é insano.
CHASTAIN: Você seria uma Tammy Faye tão boa!
HUDSON: Qualquer hora que assisto algo, sempre imagino: “Se eu fosse fazer, como abordaria?”
CHASTAIN: A realidade é, não me imagino interpretando nenhuma dessas outras personagens. Quando assisto algo, talvez não tenha confiança de me imaginar os interpretando.
Para qualquer pessoa que sonha em estar onde vocês estão hoje, qual foi o conselho mais útil que você recebeu na jornada para esse momento?
JONES: Acho que nunca desistir. Você escuta “não” mais do que “sim” – digo, talvez seja comigo, mas eu escuto muito “não”. Também, se desafie. Se você ler um roteiro que te dá medo, faça. É a coisa mais gratificante quando você conquista.
DUNST: Seja verdadeiro com você mesmo criativamente. Você é sua própria carreira. Tipo, depende de você. As suas escolham te levam para outras. Também, dizer “não” é mais poderoso do que “sim” muitas das vezes. Também, estude atuação de todos os ângulos e descubra o que funciona para você, o que te faz se sentir mais livre e confiante.
HUDSON: Nada é “justo”. Também, se você mantiver isso, não há nenhuma escolha a não ser ceder. Faça porque você ama e então isso se abrirá para você. Não se preocupe com o sucesso, as conquistas, a atenção. Estamos todas aqui porque simplesmente amamos o que fazemos. Não há nenhuma fórmula para o sucesso – é sua própria ideia.
CHASTAIN: O meu seria não ficar confortável com seu trabalho. É uma indústria que cria muitas dificuldades e muitas rejeições, então procuramos conforto, procuramos nos sentir: “Ok, me sinto segura nesse papel.” E isso não é uma boa coisa para a curiosidade e criatividade. Eu sei comigo mesma, o mais desconfortável que já estive me fez crescer mais como pessoa e como atriz.
THOMPSON: Especificamente falando para pessoas que, assim como eu, possuem dificuldades com ataques de medo de palco e apenas medo de estar nesses espaços [a mesa redonda], algo que realmente mudou minha percepção foi entender que qualquer nervoso que eu estava sentindo estava relacionado ao quanto me importava com aquela coisa. Quando pude contextualizar novamente – tipo, sair da minha própria mente e focar nas pessoas ao meu redor, o que nosso trabalho nos pede para fazer – isso foi essencial para mim.
STEWART: Definitivamente me aproximo do que parece assustador e desconfortável. Quando era mais jovem, entendi que esse era o único jeito – mas às vezes é bom abordar algo com calma e de um jeito mais gentil. Meu conselho quando era mais nova seria: “Se aproxime desse medo! Use isso!” Como o que você disse, Emilia. Mas agora estou melhor quando me sinto mais confortável.
DUNST: Estou totalmente com você. Me sinto muito melhor quando não estou trabalhando com nenhum medo.
STEWART: Sim. E acho que, basicamente, aprenda suas falas. (Risos.) Eu costumava pensar: “Se eu não souber, vai parecer que são minhas!” (Risos.) Agora penso: “Não. Tente. Tente bastante. Assuma os créditos. Esteja presente. Aprenda. Processe. Trabalhe com outras pessoas.” Eu trabalhei com um professor de dialeto para Spencer, mas ele também é professor de atuação. Quando eu era mais nova, ficaria: “Não, isso é estranho. Somos apenas eu e o diretor!” Mas a verdade é que é um trabalho tão divertido de mastigar e de se apoiar. Não é um truque de mágica. É um processo e um muito divertido. Estou me tornando mais uma “atriz dramática” a cada dia que passa! (Risos.)
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